sexta-feira, 16 de julho de 2010

FUSCA DO ROCK - Onze numa Kombi - Parte 2


Terminou em >>>>>

Entramos numa pequena cidade e encontramos um serviço de ferro-velho. O dono do ferro-velho muito falante nos convenceu a fazer uma adaptação que envolvia peças de seu estoque e solda que por conhecidência ele também poderia oferecer.

Continua>>>

Ficamos esperando ficar pronto por mais umas duas horas e então partimos.
Então a chuva começou e o cansaço começou a atacar os adolescentes, as mães e os ursinhos de pelúcia. Meu tio, meu pai e o namorado de minha prima se revesavam no volante. Mas a exceção de quem dirigia, os passageiros começaram a dormir, uma ou outra vez.
Eu não deixava de pensar naquelas presilhas se desprendendo e se a manutenção de beira-de-estrada daria conta de toda aquela carga que incluía a televisão, então me mantive acordado toda a viagem.
Mais duas presilhas caíram durante a viagem e precisamos parar novamente em um ferro-velho para fazer uma manutenção emergencial.
Mais duas horas para fixar o bagageiro e outro senhor falante e possuidor de todas as peças e serviço para a manutenção.
Na última perna da viagem, o cansaço, o barulho da chuva com o tilintar insistente e monótono das explosões nos pistões do motor da Kombi, fez todos os passageiros ficarem num estado de torpor, lutando contra o sono para ver as lindas paisagens que começavam a surgir no horizonte.
Neste momento a última presilha original se soltou, mas acho que ninguém estava em condições de alertar alguma coisa e todos fingiram estar dormindo – ou realmente estávamos.
Foi então que a Kombi parou e ouvimos – Gente, olha o mar!
A chuva havia passado, estávamos no meio da tarde e o mar com toda sua maresia entrou pelas janelas da Kombi acordando a todos que, não sei de onde, encontraram energia para sair, ver e sentir as sensações de se estar vivo.
A Kombi mostrou ter alguma emoção também e desde que saímos de Rio Claro deu sua única falha de motor, como se um nó lhe descesse pela garganta.
Atravessamos à balsa até a Ilha, ficamos alguns dias lá e voltamos dias depois com historias para contar, queimaduras pelo corpo e uma Kombi orgulhosa de ter feito parte da historia destas duas famílias.
Cerca de uma hora após deixarmos a ilha, de volta para casa, alguém gritou
- A televisão! A televisão ficou na casa!
E tivemos que voltar para pegá-la!
Poucos meses depois a Kombi foi vendida e quando a limpávamos para entregar para o novo proprietário, encontramos uma conchinha sob o tapete, resolvemos deixá-la ali mesmo, para que a Kombi possa contar para seus novos proprietários que se quiserem, podem ir até a praia, ela já sabe o caminho.

Bela história amigos!

Um comentário:

  1. Sensacional a parte do motor da KB engasgar "demonstrando a emoção". Texto show de bola do pessoal!

    www.oldersbahnvolks.blogspot.com

    ResponderExcluir